Por Cândida da Silveira Cunha
Sim, é possível ter uma vida mais feliz.
Antes dos anos 1990, a Psicologia se preocupava apenas em tratar as doenças mentais. Mas a ausência de doença mental não assegura que o sujeito possa gostar da própria vida. E foi pensando nisso, que autores como Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi, começaram a se preocupar com o tema. Assim, a psicologia positiva surgiu a partir dos anos 90.
O tema foi difundido e revolucionou o conhecimento. A psicologia positiva reúne técnicas que ajudam o sujeito a se desenvolver e ter uma vida mais produtiva e feliz. Provou ainda que toda a pessoa que buscar auxílio psicológico pode desenvolver resiliência e capacidade de encontrar um propósito que traga sentido para a vida.
A psicologia positiva traz cinco informações importantes para tornar a vida mais feliz:
1 - Emoções positivas: Faz-se necessário sentir mais emoções positivas do que negativas, como por exemplo: inspiração, prazer, alegria, pertencimento, etc. No balanço geral do dia, as emoções positivas precisam se sobressair as negativas.
2 - Engajamento: significa que o indivíduo consiga se sentir realizado naquilo que faz, e que no final do trabalho, tenha sensação de dever cumprido.
3 - Relacionamentos positivos: um dos fatores mais importantes dentro desta linha de pensamento, pois é muito importante que a pessoa sinta que tem com quem contar, que saiba que é importante dentro da família ou comunidade.
4 - Propósito de vida: “Qual é a sua magia?” ou seja, quais os seus talentos? É preciso que exista um propósito de vida.
5 - Conquista: Alcançar objetivos e sonhos é importante. Essas conquistas podem ser pequenas ou grandes, desde que a pessoa sinta que atingiu o seu objetivo, que pode ser desde emagrecer o tanto que queria ou se formar na faculdade. O tamanho do objetivo não importa, desde que alcance as metas.
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS COM A PSICANÁLISE
Existem convergências e divergências entre a Psicologia Postiva e a Psicanálise sobre a felicidade.
Em "Além do Princípio do Prazer", Freud entende que a felicidade está relacionada ao desejo de deslocar uma energia recalcada. Assim, a felicidade total (o nirvana) não é possível de ser alcançada em sua completude
Para o Pai da Psicanálise, o ego precisa se guiar pelo princípio da realidade e buscar equilíbrio entre os pressupostos reais e os desejos elaborados pelo imperativo do prazer que existe dentro de todo ser humano desde o nascimento.
A relação de um indivíduo com o desejo pode ser natural ou patológica. A busca por prazer imediato, por exemplo, pode se transformar em ansiedade. Dependendo do imperativo moral do sujeito, a busca pelo prazer pode ser promotora de muitos conflitos internos.
“Trata-se da região mais obscura e inacessível da mente....decidimos relacionar o prazer e o desprazer à quantidade de excitação presente na mente....” (Freud, 1920)
Com o advento das redes sociais, torna-se cada vez mais comum um modelo de felicidade exposto pela mídia e pela internet que se choca com o princípio da realidade. Ante a falha das simbolizações, da frustração e do medo de cair no vazio existencial, o ego lança mão de mecanismos de defesa que se prezam a deformar e negar a realidade que o oprime.
Cada pessoa é singular e possui uma estrutura psíquica única. A busca pela felicidade depende das características sociais, físicas, emocionais e econômicas de uma pessoa. Mas para a Psicanálise, é muito importante que o sujeito aprenda a lidar com frustrações e com o vazio existencial que encontra diante da falha de suas expectativas. E para desenvolver essa capacidade, torna-se fundamental que o sujeito busque apoio terapêutico e aprenda com seus erros, como forma de autoconhecimento
SOBRE A AUTORA
Cândida da Silveira Cunha Roriz é psicóloga clínica.
Contato: contatocandidacunha@gmail.com
PARA CITAR ESTE ARTIGO
RORIZ, Cândida da Silveira Cunha. Como ter uma vida mais feliz. Capela de Santana: Revista eletrônica Vida e Psicanálise. Ano 1, N2, jan - jul, 2023.
Commentaires