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Foto do escritorCarla Fernanda

Diversidade sexual e dignidade humana

Atualizado: 21 de mai. de 2022



Por Iára Castro e Carla Fernanda.


De palavra em palavra, em favor da liberdade, segue a luta por direitos constitucionais que assegure, em Estado laico, o direito à dignidade humana, em especial ao direito sagrado de ser/existir. Não deve o homem ser definido como matéria prima para supostas realizações, "tamponagens" dos recalques e faltas uns dos outros; há de se mudar esse sentir, esse olhar; tentar buscar um entendimento que humanize e que ajude a sociedade a ultrapassar as barreiras do preconceito.

Há uma questão crucial no entendimento e na busca da paz social que geralmente fica na sordidez do esquecimento - a exemplo daqueles cuja dor é medida pela régua das escolhas sexuais: a sexualidade humana vem, ao longo dos anos, buscando ser vista em suas diversas formas. Sendo assim, as parcerias sexuais não definiriam a personalidade humana? Embarreirados por valores sociais, muitas formas de relacionamento são submetidas a discriminação por parte da sociedade.

Essas questões estão sempre à baila. Nunca foi dito que é um campo fácil de entendimento. Temos, no bojo desse contexto, implicações profundas e estruturais, que perpassam pelo nascimento e pelas fases psicossexuais, pelo complexo de Édipo, pela castração, entre outros períodos importantes para a construção da psique humana. O ente é feito de tudo aquilo que atinge seus construtos internos. Através deles, o ente produz escolhas, realiza transformações e busca incessantemente o "ideal de eu". É por isso que o ente interroga e está sempre tão insatisfeito e desejante.


"As parcerias sexuais não definiriam a personalidade humana? Embarreirados por valores sociais, muitas formas de relacionamento são submetidas a discriminação por parte da sociedade."

As dificuldades de se encaixar em um universo masculino ou feminino, desembocam em um conflito de identificação que desestrutura e desestabiliza um conjunto, o que causa angústias promovidas pelo fato de olhar-se e não enxergar-se. O pai da psicanálise, Freud, já pontuava em seus escritos que a anatomia não determina a escolha sexual. Antes disso, é uma combinação de fatores libidinais de destinos puncionais que se escoram em desejos profundos. Esses desejos, quando são reprimidos, causam riscos. Assim, ao falar sobre sexualidade, é preciso ter respeito ao direito de ser e, acima de tudo, respeitar e acolher o ser humano frente às opções que a vida naturalmente apresenta. Enfim, é ser empático o suficiente para perceber a dificuldade e o sofrimento de pessoas que são rotuladas e que às vezes, devido ao preconceito, não se sentem donas de seu próprio sexo. Urge a necessidade de um olhar profundo e digno para com o semelhante, seja ele macho, fêmea, trans, homoafetivo ou diverso. Para isso, é preponderante reafirmar que, "sexualidade" não é verbo de ligação entre caráter e lealdade. A luta diária de pessoas marginalizadas pela hipocrisia social precisa ser aplaudida, pela coragem, pelo grito no silêncio e pelo enfrentamento à covardia cultural. Sendo assim, é preciso comemorar os últimos julgados do STF em favor da diversidade, as conquistas dos LGBTQIA+ através das políticas públicas e de amparos legais. Que esse seja o (re)começo para restabelecer a dignidade de poder ser aquilo que se quer - e que pode ser.


Carla Fernanda é professora, psicopedagoga e psicanalista em supervisão, membro do Grupo Vida.

Iára Castro é psicanalista em supervisão, membro do Grupo Vida.



COMO CITAR ESTE ARTIGO:


CASTRO, Iara; FERNANDA, Carla. Diversidade Sexual e dignidade humana. Capela de Santana: Vida e Psicanálise. Mai e Jun, 2022.


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