Roriz e Grabowski publicam artigo sobre felicidade e civilização
- João Pedro Roriz
- 12 de abr.
- 3 min de leitura
Artigo analisa o mal-estar na civilização digital e propõe reflexões a partir de Freud e Eça de Queiroz

Por Assessoria de Imprensa
A Revista Analytica, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em seu volume 13, número 26, lança um artigo que promete fomentar debates profundos sobre os rumos da civilização contemporânea.
Intitulado "Perspectivas de Eça de Queiroz e Sigmund Freud sobre civilização e a felicidade", o texto é assinado por João Pedro Roriz, professor-mestre em Psicologia pela Universidade Feevale (RS), e Gabriel Grabowski, professor-doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS).
O artigo propõe uma análise entrecruzada entre os pensamentos do escritor português Eça de Queiroz e do psicanalista austríaco Sigmund Freud, considerando os impactos da tecnologia sobre a saúde mental, a subjetividade e o ideal de felicidade no mundo atual.
A partir da pandemia da Covid-19, o artigo observa um crescimento do individualismo e da autoerotização entre os mais jovens, agravados pelo uso excessivo das tecnologias e das redes sociais. Segundo os autores, plataformas digitais criam bolhas que reafirmam as opiniões dos sujeitos, dificultando o diálogo e o encontro com o diferente.
Inspirados por autores como Byung-Chul Han e Zygmunt Bauman, Roriz e Grabowski traçam um retrato da sociedade contemporânea como hiperindividualista, marcada por uma busca constante por reconhecimento midiático e consumo simbólico. Essa configuração, longe de promover bem-estar, tem sido associada ao aumento de transtornos mentais como ansiedade, depressão, e à propagação de comportamentos autodestrutivos.
Nesse cenário, o artigo estabelece um diálogo provocador entre os discursos ficcionais de Queiroz, especialmente no conto Civilização, e os ensaios clássicos de Freud, como O mal-estar na civilização. Ambos, ainda que de épocas e estilos distintos, compartilham a preocupação com os efeitos da modernidade sobre a alma humana.
Enquanto Queiroz denuncia os exageros da vida urbana e o esvaziamento dos valores naturais e familiares, Freud aponta para o conflito inevitável entre os desejos humanos e as exigências da cultura. A diferença, segundo os autores, reside na saída proposta por cada um: o autor português sugere um retorno bucólico à simplicidade, ao passo que Freud afirma que a perda do paraíso é definitiva e que resta ao homem lidar com sua condição de desamparo.
A pesquisa também destaca a contribuição de autores contemporâneos como Harari, Deslandes, Debord e Lipovetsky para pensar os desafios do presente, especialmente no que diz respeito à cultura do prazer imediato, à espetacularização dos sintomas psíquicos e ao surgimento de um "homo-deus" obcecado por controle e imortalidade.
Roriz e Grabowski alertam para os riscos de uma sociedade que tenta preencher a falta com artefatos tecnológicos e abandona progressivamente a escuta, o afeto e a convivência real. O artigo aponta ainda para a urgência de se retomar o debate sobre a castração simbólica, o narcisismo, e a formação de laços significativos em tempos de hiperconectividade.
Por fim, o texto lançado pela Analytica representa uma importante contribuição ao campo da Psicanálise e das Humanidades ao propor um diálogo interdisciplinar que une literatura, filosofia e psicologia para compreender os sintomas de uma era marcada pelo desencanto.
Em vez de respostas prontas, o artigo convoca os leitores à reflexão: será que o ser humano encontrará felicidade na renúncia aos excessos ou continuará na busca infrutífera por um gozo permanente?
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